Trotsk - Ressaca de um Carnaval sem Samba

RESSACA DE UM CARNAVAL SEM SAMBA

Andando sem calcular
aonde cada passo vai levar
perdido, me acho em vão
no chão em frente à luz
do seu lual
fechado pro meu sinal
como se ele não fosse seu

e caso o choro sem direção
não sei pra onde eu corro só
meu medo é sal no mar
então não mexe
deixa concentrar
pro próximo festival
onde o meu perdedor é rei

eu sei
cada passo nesse espaço
é como o abraço
de quem volta atrás
sabendo aonde foi
e que o céu é o limite
mas que não se tem asas

e cada impasse é um passo atrás
meu leque de opções tão banais
feliz é chegar sem ver
aonde foi plantada
cada flor
achar todas no quintal
de manhã quando o sol já vem

eu nunca mais
verei de novo
cada fruto deste estorvo
mas além do certo
está essa dor
de quem não tem
sonhos e garra também
meu carnaval
sem samba e sem ninguém
meu carnaval
sem samba e sem ninguém

E na calçada do meu lado
desfila um noite sem pecado
castigo é ver depois
que o que se passa
fica recortado
lugar nunca alcançado
e apagado até nunca mais


O tempo sopra sempre assim
cada minuto é mais pro fim
no passo que nunca dei
ficou a prova
do que sempre amei
pedaços do que sonhei
e o resto do que eu quis ser

mas deixo
cada medo então
Cada lucidez no chão
E saio nessa nave
em busca do sol
que nunca vem
mas acreditar me faz bem
meu carnaval sem samba
e sem ninguém